Friday, December 31, 2004


Um feliz ano novo para todos, e que as famílias atingidas pela tragédia do Oceano Índico consigam força e saúde para continuar vivendo apesar de tudo.

Tuesday, December 28, 2004

Como ajudar as vítimas do tsunami

O jornal inglês Guardian traz um apanhado de websites onde você pode fazer doações para ajudar as vítimas da tragédia do Oceano Índico.

O terremoto e conseqüente tsunami que até agora matou mais de 55 mil pessoas, inclusive brasileiros, é mais uma lembrança da vulnerabilidade da vida humana. Se não somos vítimas da violência e estupidez de outros homens, sempre podemos perecer de outra maneira estúpida por força da natureza, num desastre como este do Natal, ou por alguma doença grave. Desculpem o baixo astral, mas realmente fica difícil entender como alguém hoje em dia ainda acredita em Deus, especialmente no Deus que dá ordem às coisas e que nos protege. Aliás, esse interessante texto também no Guardian de hoje, comenta que os cientistas e filósofos de hoje não têm a coragem dos pensadores do século 18, que tinham independência e curiosidade suficiente para questionar publicamente a existência de Deus.

Thursday, December 23, 2004

Boas Festas x Feliz Natal

A direita americana não perde uma oportunidade de reforçar a divisão cultural do país, e com isso, tentar popularizar sua agenda política usando o ódio e a intolerância como combustível. Agora, o debate está centrado em "resgatar o Cristianismo do Natal". Isto porque muitos lojistas, escolas e repartições públicas do país preferem evitar menções a Jesus e ao Natal, escolhendo a expressão "Happy Holidays" em vez de "Merry Christmas", a fim de não excluir ou ofender cidadãos que não compartilhem da crença cristã. Afinal, as populações judaica, hindu, budista, muçulmana ou seja mais quais forem as religiões não-cristãs, são expressivas nos Estados Unidos. Mas os conservadores e a direita religiosa histérica estão aproveitando o momento da vitória de Bush para tentar impor sua supremacia. Já estão organizando boicotes inclusive à Macy's, que não está usando a palavra "Christmas" em seus anúncios e decorações natalinos, e sim "Holidays". O canal de extrema-direita Fox News traz uma cobertura diária chamada "Christmas Under Attack", capitaneada pelo âncora hipócrita-mor Bill O'Reilly, cujo programa em horário nobre se baseia em atacar progressistas em geral, gays, não-cristãos, ou qualquer pessoa que fale mal de Bill O'Reilly. O cara é um grosso, manda qualquer entrevistado com quem ele não concorde "SHUT UP!" e se especializa em manchar a imagem alheia e fomentar ódio, ao mesmo tempo em que se faz de vítima. A forma com que ele fecha sua diatribe de 20 de dezembro, Somewhere Jesus is Weeping, é um resumo do que ele representa: "The FOX News Channel and its commentators stand in the way of the secular agenda. Demonizing us sends a message to others who may challenge the secular cabal. Do it and we will slime you badly. So that's what's going on. Another vicious battle in the American culture war." Nossa, que nojo que eu tenho desse homem. Não sei se vocês ouviram falar, mas uma ex-funcionária dele tentou processá-lo por assédio sexual e tinha gravações telefônicas que mostravam O'Reilly como um tarado abjeto, cultuador da pornografia que ele tanto condena em seu programa de TV. Não me surpreende nem um pouco. Infelizmente, a moça aceitou o acordo financeiro para encerrar o processo contra ele. Porque o mundo seria muito melhor no dia em que Bill O'Reilly tivesse sua imagem destruída publicamente e finalmente eliminada das air waves. No momento, não é consolo suficiente saber que ele foi nomeado o Minsinformer of the Year pelos observadores da Media Matters for America.

Friday, December 17, 2004

Foi Bush quem escreveu o cartaz?



A Reuters criou uma legenda genial para essa foto acima:

President George W. Bush and Office of Management and Budget Director Joshua Bolton (C) talk to conferees, above a misspelled sign, at the White House Conference on the Economy in Washington, December 16, 2004. The White House went all out to showcase the advantages of U.S. President George W. Bush's ambitious financial agenda this week, but in the end the "challenges" proved too much. The word "challenges" -- a main theme of a two-day White House economic conference that ended on Thursday -- was misspelled on a large television monitor that stood in front of Bush during a panel discussion.


Just try to tell me what the hell is going on here.

Thursday, December 16, 2004

Daddies die

Jack Shanaberger tem 4 anos e já sabe o que não quer ser quando crescer: um pai. "I don't want to be a Daddy because daddies die", disse o menino, depois que seu pai, sargento Wentz Shanaberger, da polícia militar da Flórida, morreu na guerra do Iraque em março desse ano, deixando a mulher e 5 filhos. Assim como Jack, outras 900 crianças nos Estados Unidos já ficaram órfãs por causa da guerra de W. Com certeza os pais de família que pereceram no Iraque jamais desejaram estar lá, e alguns eram até contra esta guerra, mas foram para obedecer ordens e evitar uma prisão e processo por deserção. Pablo Paredes, oficial de Marinha em San Diego, é uma exceção e desertou publicamente. Você pode ouvir o próprio Pablo explicando o porquê de sua decisão numa entrevista para a NPR.

Monday, December 13, 2004

Do they know it's Christmas?



Treze de Julho de 1985. Eu aproveitava as férias para pegar uma praia em Ipanema e recarregar as baterias naquele ano de intensos estudos para o vestibular. Meu namorado se chamava Vítor e estudava Teatro. As pessoas vestiam terninhos coloridos com manga arregaçada e ombreiras. Muitos usavam o cabelo estilo "mullet" (lembram do Evandro Mesquita na época da Blitz?). O Vítor chegou a ter uma versão mild desse corte de cabelo, mas logo voltou ao normal. O meu cabelo era curtinho, na linha pixie. No rádio, tocavam músicas abomináveis de grupos -- felizmente já extintos, ou então tocando apenas em casas de show de interior -- como Simple Minds e Tears For Fears. Nas festas de amigos, ou em boates, a gente dançava ao som de Titãs ou Paralamas ou Legião Urbana, de um jeito engraçado, com os braços esticados pra baixo, movendo os ombros, jogando para trás uma perna de cada vez, em pulos ritmados, e tentando esbarrar nos outros. Era uma imitação dos punks, mas bem tame.

Toda essa nostalgia me veio à cabeça quando meu marido fez um insólito pedido de presente de Natal. Queria a recém-lançada caixa de quatro DVDs dos concertos Live Aid, de 13 de Julho de 1985, que foram feitos simultaneamente em estádios de Londres (Wembley) e Philadelphia (JFK), com os maiores nomes da música da época. Achei estranho o pedido, porque ele detesta a música da década de oitenta, mas acontece que entre os one-hit wonders e malas como Kenny Loggins, Adam Ant, Simple Minds, Madonna e Phil Collins, têm shows de gente bacana como The Cars, Pretenders, David Bowie, Elvis Costello, Mick Jagger, Queen, The Who, Bob Dylan, Paul McCartney, Eric Clapton, Elton John... Enfim, um menu variadíssimo. Os DVDs chegaram e ele não agüentou esperar até o Natal. Já rimos muito com os cortes de cabelo (mullets galore...), roupas e afetação de bandas como Spandau Ballet e um tal de Nik Kershaw, do qual nunca ouvimos falar. Nossa, como tinha baranga na platéia inglesa! Era uma moda de umas camisetas cavadas, sem sutiã, festival de saggy boobs. Bem, fora o fator nostalgia e humor, comprando esse DVD você está contribuindo para o Band Aid Trust, que trabalha para aliviar a fome na África. De 1985 até o lançamento desses DVDs, em novembro último, o Band Aid Trust já tinha mandado 144 milhões de dólares para projetos contra a fome em Burkina Faso, Chad, Eritréia, Etiópia, Mali, Níger e Sudão.

O Live Aid/Band Aid foi concebido pelo roqueiro inglês Bob Geldof (aquele que trabalhou no filme do Pink Floyd, The Wall, outro marco dessa época). Meses antes do show, Band Aid lançou o hit natalino que até hoje torra o saco nas rádios em todo Natal, "Do They Know It's Christmas", (cantores famosos de diferentes estilos como Bono e George Michael cantam trechos e todos se juntam no coro "We know, u-oh, oh, let them know it's Christmas time...") Mas tá valendo, já que a causa é mais que nobre. Eu mesma me pego cantarolando... Essa música tá incluída no DVD, bem como o outro staple de caridade musical natalina, "We are The World", concebida por Michael Jackson e que vale pelo belo solo do finado Ray Charles.

Friday, December 10, 2004

A pergunta mais cretina do ano

John Edwards, ex-candidato a vice-presidente dos EUA na chapa de Kerry, é casado com Elizabeth Edwards, uma advogada brilhante e também figura-chave na direção das campanhas políticas do marido. Os dois são casados há 27 anos, têm 3 filhos, e sofreram a perda de um outro, aos 16 anos. São amorosos, companheiros, cúmplices. Ela é gordinha e sem a aparência jovial do marido, mas isso parece não fazer diferença para ele. Por isso, a notícia de que Elizabeth estava com câncer no seio, descoberto em outubro, foi devastadora para John Edwards. Homens que amam e convivem com a mesma parceira há muitos anos podem entender o que ele está sentindo. No entanto, eis que Larry King, da CNN, entrevistando o casal Edwards noite passada, faz a seguinte pergunta, registrada pelo Atrios:

"Senator, has there been any thoughts -- and this happens in any case where the male hears the news from the mate -- aesthetically, how will Elizabeth look, how will she respond? Do you have any of those feelings?"

Obviamente que uma pergunta babaca dessas só poderia vir de um ogro como Larry King, que já se divorciou 8 vezes, sempre à procura de uma bimbo mais nova que a outra. Não sei o que o John Edwards respondeu, mas alguns dos leitores do Atrios sugeriram algumas réplicas sensacionais:

KATE: If John were not such a classy man, I'm sure he would have responded, "So Larry, does your umpteenth wife respond to your reptilian appearance, as any mate would, with expressions of horror? Does she have any of those feelings?"

FILKERTOM: John Edwards should've said, "You shallow, hypocritical, eight-times-married motherfucker. This is my life partner we're talking about here. She has a terrible illness, and she's counting on me for love and support, which is a given because she is everything to me, and you, you callous, smarmy sumbitch, are wondering if I'm gonna miss her tits? Step outside, you sick weasel, and let me show you how we handle punk-mouths like you back home."

LATTS: I hope Edwards said "Well Larry, I think you probably know better than we do how women can be aesthetically, er, enhanced... later on, we may have to ask one of your wives to recommend a surgeon."

Wednesday, December 08, 2004

Lojas democratas

Grandes empresas costumam doar dinheiro para campanhas políticas. Em tempos de consumismo desenfreado natalino, há um jeito de saber se seus dólares vão acabar no bolso de um candidato republicano ou democrata. O site Choose the Blue (cor do Partido Democrata) oferece uma lista de lojistas divididos em categorias (roupas, jóias, eletrônicos, carros, etc) e a porcentagem de dinheiro que cada um doou para cada partido. Você fica sabendo então que designers como Donna Karan, Kate Spade e Ralph Lauren doaram 91% Dem, enquanto o dinheiro da Wal-Mart foi para os republicanos em 81% (big surprise...), bem como 78% das doações da Target e 95% da Saks. Se você odeia all things republican, cancele sua membership no Sam's Club (81% republicano) e torne-se sócio do Costco (98% democrata).

Monday, December 06, 2004

As (irritantes) melhores da Rolling Stone

A revista Rolling Stone publicou semana passada uma edição especial com as "500 melhores músicas de todos os tempos". Dentro da revista é que se explica que são as melhores da era do rock'n roll, mas mesmo assim, achei que o tal júri 5 estrelas fez uma seleção que mais parece programação de rádio de classic rock de cidade do interior. Em primeiro lugar, vem "Like a Rolling Stone", de Bob Dylan. Tudo bem, a letra é bonita, mas a melodia é pobre e repetitiva. Como eu aprecio muito também a importância de uma linda voz para enriquecer uma canção, que me perdoe minha amiga Fernanda, mas ouvir a voz do Dylan está longe de se comparar ao prazer de ouvir uma Ella Fitzgerald ou mesmo o Paul McCartney. A canção que ganhou o segundo lugar foi "Satisfaction", dos Rolling Stones, uma música que pode ser muito legal para animar festinha de colégio, mas que está longe de representar um exemplo de riqueza lírica, harmônica e melódica. Sinceramente, o rock apresenta coisa muito melhor para figurar nos primeiros lugares. Chequem a lista e me digam se não concordam comigo.