Nem tudo está perdido
Na ressaca pós-eleição, os colegas aqui do meu trabalho que votaram em Kerry se juntam nos cantos para comentar o nosso sentimento de horror e buscar algum conforto em saber que pelo menos há muitas pessoas igualmente inconformadas.
Hoje, fui almoçar num verdadeiro oásis; o Natural Foods Co-op, onde só se encontram produtos orgânicos, e onde pude comer arroz, feijão, frango (free-range) jamaicano e salada fresca, enquanto uma moça na mesa ao lado pintava uma aquarela, e uma outra fazia compras com seu bebê novinho dormindo no peito dela num sling. Um cartaz anunciava uma palestra contra a cultura do medo. Um negro de dreadlocks fazia compras ao lado de sua mulher latina com piercing no nariz. Uma loura almoçava enquando resolvia assuntos de trabalho no telefone celular, comentando sobre o artista que seria exibido em sua galeria. Então me senti um pouco mais otimista. A América não é só os brancos obesos do Texas ou da Flórida, os racistas saudosos dos anos 50 ou ignorantes que só assistem à Fox News. Tem muita gente preocupada e sensível com o que acontece no mundo, gente querendo preservar o meio ambiente e preocupada em alimentar seus filhos com alimentos frescos e livres de agrotóxicos, gente que não discrimina quem usa tatuagem, piercing, ou casa com pessoas de diferentes raças ou do mesmo sexo. Essas pessoas, que não têm medo de mostrar o que são, de viver livremente, de lutar para melhorar a sociedade, são e sempre foram a vanguarda responsável pelas revoluções culturais que mudaram o país e todo o mundo ocidental para melhor. Essa gente continua mobilizada e não vai desistir por causa de uma derrota. As centenas de blogs jornalísticos anti-Bush criados antes da eleição vão continuar atuantes, os voluntários e militantes vão continuar seu trabalho de base. Com persistência, a gente chega lá.
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