A tática do medo

Em época de eleição presidencial, alguns marqueteiros ou candidatos partem do princípio que a maioria do eleitorado é completamente imbecil (o que muitas vezes é verdade, mas às vezes o tiro sai pela culatra) e tentam prejudicar o adversário através de ameaças ao próprio povo. Isso já aconteceu nas campanhas do Collor e do Serra contra o Lula (na inesquecível performance de Regina Duarte), e agora os republicanos, liderados pelo vice-Presidente Dick Cheney, estão dizendo que, se o Kerry ganhar, os EUA serão atacados novamente pelos terroristas. O que me espanta não é a desonestidade e o pure evil que emana desse Cheney, mas sim o fato de que a grande mídia americana está deixando a campanha Bush espalhar todo tipo de mentiras (como a difamação à atuação de Kerry no Vietnã) sem cobrar deles qualquer retratação e sem dar o devido espaço de resposta a Kerry. A mídia dá corda demais pra propaganda republicana, que tenta desviar a atenção do fato que a guerra no Iraque é um desastre, Osama continua à solta, o custo de vida está insuportável, e que enquanto Kerry foi herói de guerra e brilhante desde a juventude, Bush fugia de sua obrigação militar para continuar sua vidinha de privilégio e mediocridade. Pelo menos no New York Times, a brava colunista Maureen Dowd nunca me decepciona.