Oscar na ressaca política
Dois dos filmes de maior sucesso no ano de 2004, Farenheit 9/11 e The Passion of the Christ, foram solenemente esnobados nas indicações ao Oscar anunciadas ontem. Não rolou nem uma indicaçãozinha técnica para o 9/11, enquanto o filme de Mel Gibson pelo menos pode concorrer a alguns prêmios de consolação nas áreas de cinematografia, trilha sonora e maquiagem. Para o crítico de cinema David Edelstein, a Academia este ano está querendo distância de controvérsia, sem paciência de aturar os ataques de sempre da extrema-direita americana, de que Hollywood seria dominada por liberal jews.
Edelstein também lamenta a ausência de Eternal Sunshine of the Spotless Mind na lista dos indicados a melhor filme. Eu até achei bacanas os nomeados deste ano, são filmes mais independentes, que fogem do padrão filmão hollywoodiano; mas realmente, Eternal Sunshine foi o filme que mais gostei no ano de 2004, uma pena ter sido esnobado. E outros da lista, como Million Dollar Baby e Sideways, praticamente só estrearam agora em janeiro, nos 46 minutos do segundo tempo, quase não dando para entrar na categoria de filmes de 2004. Vai ver que quanto mais tarde o filme é lançado, mais chance tem de ficar fresco na cabeça dos votantes da Academia.
Para melhor ator, espero que a Academia não premie Leonardo-cara-de-bolacha-DiCaprio, já chega o Golden Globe que ele levou injustamente. Acho que o Oscar devia ir ou para o Don Cheadle ou o Jamie Foxx, ambos atores negros -- Cheadle sempre é o melhor ator de qualquer filme que participe; Jamie em geral faz uns filminhos idiotas, mas arrasou desta vez no papel de Ray Charles, no filme Ray, que a Fernanda viu e garante ser excelente.
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