Sunday, February 27, 2005

Blame it on Demi


Dos anos 60 aos 80, era mais divertido assistir à entrega dos Oscars. Atrizes de Hollywood davam um show de mau gosto em seus modelitos, desde o terno masculino com botinas de Diane Keaton em 1978, passando pelo prom dress rosa da já entrada em anos Elizabeth Taylor em 1987, e chegando aos paetês e lantejoulas de Cher, cujo estilo fashion sempre é uma cruza de drag queen com madrinha de bateria. O ápice da breguice foi ano de 1989, quando a então megastar Demi Moore apareceu numa monstruosidade de sua própria criação (foto) , que mais lembrava um corpete ou malha de ginástica, acompanhado por uma capa de brocados multicoloridos. Nesse mesmo ano, Kim Basinger também criou seu próprio fashion faux pas, um vestido branco com uma manga só, enquanto Jodie Foster apareceu com um vestido lilás comprado numa loja de departamentos, que mais lembrava uma roupa de bridesmaid. A noite, que era desde os anos 30 o símbolo do glamour hollywoodiano, tinha se transformado em piada. A Academia, então, resolveu tomar as rédeas da situação e em 1991 contratou uma diretora de moda, responsável por ligar para todos os apresentadores e candidatos ao Oscar e colocá-los em contato com estilistas e designers, para garantir a volta do bom gosto ao red carpet. Não é à toa que, hoje, até atrizes bicho-grilo como Julia Roberts e Kate Hudson se transformam em deusas de vestido longo e brilhantes na noite do Oscar. Diane Keaton, ano passado, também apareceu de terno, mas num modelo super sofisticado. Para a jornalista Julia Turner, da Slate, o domínio dos estilistas acabou tornando o Oscar chato, previsível, e com as mulheres vestidas sempre igual. De qualquer forma, num mar de Armanis, Versaces, Diors e Vera Wangs sempre haverá uma Bjork vestida de ganso morto, ou uma anoréxica Lara Flynn Boyle com tutu de bailarina para nos divertir.

Update frívolo pós-Oscar: Minhas preferidas desse ano foram Kate Winslet, Halle Berry e Charlize Theron, pois acertaram na cor, no modelo dos vestidos, e estavam lindas de rosto e cabelo. Gwineth Paltrow estava linda, mas achei que o vestido tava amassando muito o peito dela. Natalie Portman ousou no quesito moda e acertou; pena que a cor do vestido era meio sem graça, mesmo problema da Cate Blanchett, que de amarelo ficou um pouco apagada, apesar de o vestido ser lindíssimo. Gisele Bundchen também apostou alto demais e perdeu, com aquele vestido-bata alado. Ela estava com o rosto e cabelos deslumbrantes como sempre, mas seu modelito teria feito mais sucesso em 1972. Scarlet Johansson costuma me agradar mais, mas esse ano o vestido preto meio desestruturado não lhe caiu bem, engordou até. Hillary Swank não me convenceu. Aquele vestido fechadão de viúva na frente, e decotado até o rego atrás... Não fez o meu gênero. A maquiagem dela tava amarela. E a Renée Zellwegger, tava feia demais de rosto, parecendo máscara de teatro japonês, e o corpo magro demais, ao mesmo tempo musculoso, não combinou muito com o vestido va-va-voom vermelho.

Passando agora para a política da cerimônia, acho que o Chris Rock não voltará mais a ser convidado para apresentar o Oscar. A saia justa não foi nem ele defender Farenheit 9/11 e sacanear o Bush (o que eu adorei, claro), mas ele criticar o Jude Law como mero arroz de festa e incapaz de sustentar um blockbuster, para uma platéia de Hollywood que simplesmente endeusa o ator britânico. O Sean Penn ficou tão puto que antes de apresentar um dos prêmios fez questão de dizer que Jude Law era um dos melhores atores dessa geração. Chris Rock foi engraçadíssimo em vários momentos, como nas entrevistas pré-gravadas com o público negro em cinemas americanos, mas ainda assim ficou patente a inadequação dele como apresentador do Oscar quando fizeram um tributo ao falecido Johnny Carson, mostrando clips dele na mesma função. O cara tinha um humor sofisticado, que era às vezes ácido mas não diretamente ofensivo a ninguém. Realmente, é difícil achar alguém que se compare a Carson hoje em dia. Letterman foi fraco como apresentador, Billy Cristal é um chato, e ótimos atores e comediantes como o próprio Rock, Robin Williams, Jim Carrey, Steve Martin e Whoopi Goldberg são espalhafatosos demais.