Friday, May 06, 2005

Brasil rejeita U$ 40 mi dos EUA para abstinência

O Bruno me passou essa notícia e não tinha como não postar, pois tem tudo a ver com o que temos discutido aqui sobre o fanatismo talibânico do governo Bush:

Os Estados Unidos estavam em negociações com o Ministério da Saúde brasileiro para a distribuição de verbas destinadas ao controle da AIDS, num total de U$ 48 milhões até 2008, dentro de um programa de grants já oferecido a vários países. O problema é que o acordo obrigaria o Brasil a usar o dinheiro em programas que pregassem a abstinência sexual (em vez de promover o uso da camisinha) e também a incluir uma cláusula condenando a prostituição.

Diante dessas condições, o Programa Nacional de Combate à AIDS, dirigido pelo epidemiologista Pedro Chequer, preferiu mesmo rejeitar o dinheiro americano. "Não podemos controlar o HIV com princípios que são... teológicos, fundamentalistas e xiitas", declarou Chequer, que é formado na UC Berkeley, e tem extensa experiência na direção de programas de AIDS no Brasil, na Rússia e em Moçambique.

O programa brasileiro contra a AIDS vai muito bem, obrigado, e é considerado um modelo para os países em desenvolvimento. A taxa de contaminação por HIV tem se mantido baixa, em 0.6%, contrariando estimativas de que esse número iria dobrar em 2005. O sucesso do programa é atribuído à distribuição gratuita de remédios anti-HIV e de camisinhas, e à comunicação aberta e acolhedora com gays, prostitutas e usuários de drogas injetáveis.