Pentágono obrigado a divulgar fotos
Há um ano, a funcionária de uma empresa aérea americana trabalhando no Kwait fotografou dezenas de caixões de soldados americanos mortos no Iraque, cobertos com a bandeira dos Estados Unidos. As belíssimas e tocantes fotos foram parar na Internet, causando a demissão desta fotógrafa, Tami Silicio, porque o Pentágono proibia a tomada e divulgação de fotos de caixões de soldados. O episódio gerou uma grande polêmica na sociedade americana; muitos perceberam isso como uma tentativa do governo de esconder a verdade sobre a guerra do Iraque. Uma a uma, as redes de TV e os grandes jornais do país foram começando a exibir as imagens dos caixões, com exceção da covarde e governista Fox News, que alegou estar seguindo as regras do Pentágono, e que mostrar os caixões era "ofensivo aos parentes dos mortos" - mas é claro que a Fox não mostrou essas imagens porque resiste em revelar o verdadeiro desastre da guerra do Iraque, e pinta o conflito como uma empolgante missão patriótica.
Em 28 de abril, o Pentágono finalmente foi obrigado a divulgar publicamente o seu acervo de fotos de cerimônias de honra a soldados mortos em guerras, dentro do Freedom of Information Act. Isso foi resultado de uma ação na justiça impetrada por um cidadão comum, o professor de jornalismo na Universidade de Delaware e ex-correspondente da CNN Ralph Begleiter.
Vamos pensar qual será o impacto dessas fotos hoje. Com dois anos de guerra e milhares de soldados americanos mortos (e muitos outros milhares de iraquianos e cidadãos de outras nacionalidades também perdendo a vida devido ao conflito), o povo americano parece anestesiado. Todo dia, há algum episódio de bombardeiro no Iraque com algumas dezenas de mortos, americanos ou não. E vida que segue. Os eleitores de Bush não sentem qualquer indignação, e continuam dirigindo seus SUVs e pickup trucks por aí com yellow ribbon magnets colados, entrando em drive-thrus para entupir suas artérias e se auto-infligir ainda mais brain damage ingerindo sanduíches-monstro.
De qualquer forma, a vitória da ação de Ralph Begleiter abre um precedente importantíssimo, para garantir o direito do público à informação sobre a realidade de uma guerra, e para mostrar que os cidadãos têm meios de fazer cumprir o exercício da democracia.
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