Saturday, May 07, 2005

Filho "atachado" nas ancas

Meu filho nasceu em setembro de 2003 com uma característica bem marcada: adorava um colo. Ainda na maternidade, se ele chorasse, bastava pegar no colo que ele ficava feliz, era capaz de até estar passando fome, mas nos meus braços, já tava bom. Nos primeiros meses, se ele estivesse acordado, não aceitava ficar deitado sozinho de forma alguma, eu tinha que carregá-lo enganchado nas ancas ou nos braços para onde quer que eu fosse. Aprendi a fazer tudo com uma mão só (ele detestou o sling e o baby carrier), e várias vezes o amamentei enquanto mandava e-mails (catando milho com a mão direita) ou enquanto almoçava. Obviamente, esse comportamento agarrado se repetia à noite. Ele acordava sozinho no berço e chorava desesperado. Mamar não fazia diferença; só dormia de novo se fosse deitado na nossa cama.

Minha sogra, ao ver isso, disse que eu tinha que parar de "acostumar mal" o meu filho a ser tão dependente de colo. O pediatra dele sugeriu o método de deixar a criança chorando no berço sozinha, e voltar a cada dois, cinco, sete, dez, vinte minutos, até ele cansar e dormir, e um dia ele aprenderia a dormir sozinho.

Mas eu segui o meu instinto, que era o seguinte: se meu filho está querendo o meu calor e carinho, e eu estou disponível, por que negar isso a ele? Por que a crueldade de deixar um bebê chorando, sem que ele tenha a menor culpa da sua vontade de ser acalentado? Acabei descobrindo que em contraponto ao método de largar o bebê chorando sozinho, há a filosofia do Attachment Parenting. Criado pelo pediatra americano William Sears e sua mulher, enfermeira Martha Sears, que tiveram 7 filhos, o conceito de Attachment Parenting estimula os pais a forjar um forte laço de aproximação e confiança com seu bebê, de dia e de noite. Contrariando todos os livros americanos de "sleep training", eles disseram que dormir com o neném na mesma cama é uma ótima solução para algumas famílias, ou então colocar um pequeno berço co-sleeper do lado da cama dos pais.

Meu marido ainda não tem certeza se o melhor teria sido aplicar o método "let the baby cry it out". Nosso filho tem 1 ano e meio e ainda acorda no meio da noite no berço, chorando e querendo ir para a nossa cama. Mas eu ainda acho que tomamos a melhor decisão. Toda vez que acordo e vejo aquela carinha linda do meu lado, sinto a sua pele inacreditavelmente macia, penso que prefiro aproveitar esse momento com ele aqui do que estar separada a noite inteira, com ele no outro quarto. Afinal, por quanto tempo mais ele terá aquelas bochechas redondas, a cabeça quase careca, aquelas mãozinhas rechonchudas, que gostam de tocar o meu rosto até ele cair no sono? O tempo voa e daqui a poucos anos ele não vai querer nem olhar para trás quando eu deixá-lo na escola ou na casa de um amigo. Vai fugir dos meus beijos e abraços, trancar-se em seu quarto cheio de segredos. Vai chegar o tempo - mais rápido que eu gostaria - em que ele vai dormir sozinho sem medo em sua própria cama. Enquanto isso, eu me espremo feliz no canto direito da cama para que ele se aconchegue tranqüilo, ao lado da Mamí e do Daddí.