Wednesday, July 20, 2005

FBI espiona organizações anti-Bush

Aqui nos Estados Unidos, estamos presenciando a volta ao McCarthyismo. Quem se opõe ao governo é vilanizado, perseguido e tratado como inimigo da pátria.

A União Americana das Liberdades Civis (ACLU) descobriu que o FBI está espionando entidades políticas, anti-guerra e ambientais, incluindo a própria ACLU, o Greenpeace, PETA, Comitê Árabe-Americano Contra a Discriminação, Código Rosa, Food Not Bombs, e outros.

A descoberta é fruto de uma ação na justiça em que a ACLU, embasada no Freedom of Information Act, exigiu documentos do FBI sobre uma série de entidades que desconfiavam estar sendo espionadas, e de outras que foram intimidadas diretamente com interrogatórios do Bureau, principalmente na época da eleição presidencial ano passado. Os relatórios do FBI obtidos pela ACLU mostram que o órgão gasta tempo até mesmo monitorando websites e passando ao governo informações sobre protestos pacifistas, como o da United for Peace and Justice, na época da Convenção Nacional Republicana em 2004. Só do Greenpeace, o FBI tem 2383 páginas de documentos. Sobre a ACLU -- um dos órgãos mais odiados pela direita americana por apontar as violações do governo aos direitos dos cidadãos --, o FBI já coleciona mais de 1173 páginas desde o final de 2001.

Isso seria um grande escândalo nacional se a mainstream media americana estivesse realmente interessada em questionar ações suspeitas do governo Bush. Trata-se de um cerceamento à liberdade de expressão e de associação, bem como violação de privacidade, um ataque frontal ao First Amendment da Constituição do país. Mas o caso da espionagem sobre essas entidades até agora não tem obtido qualquer destaque na impresa.

Militante anti-aborto

Enquanto a imprensa segue autômata, marionete dos spin doctors da Casa Branca, outra notícia começa a causar preocupação em meios progressistas e preocupados com os direitos da mulher. Ontem, George W. Bush apontou para a Suprema Corte americana o juiz John Roberts (ainda pende aprovação do Congresso), um conservador que é juiz há apenas dois anos, e durante sua carreira de advogado atuou a favor de restringir o direito de entidades de planejamento familiar em mencionar o aborto como opção (o que, além de interferir nos direitos reprodutivos das mulheres, é um ataque ao direito de expressão e associação; nesse mesmo caso, Roberts afirmou com todas as letras que desejava o fim do direito ao aborto (Roe vs. Wade); e em outra ocasião, ele defendeu a organização Operation Rescue, conhecida por táticas de intimidação física contra mulheres que tentam entrar em clínicas de aborto; a esposa dele, Jane Sullivan Roberts, é diretora de uma entidade anti-aborto que patrocinou a campanha "Mulheres Merecem Algo Melhor (Que o Aborto)".

Cena de ontem na Fox News após anunciado o nome de John Roberts para a Suprema Corte - O âncora Brit Hume, satisfeitíssimo, comenta com os repórteres da casa Brian Wilson e Carl Cameron: "White male, just like all of us!" Os cafajestes temiam que Bush cedesse ao clamor por maior representação feminina e não branca entre os juízes da Suprema Corte.