Crise como oportunidade
Não tem como fugir desse assunto. Até aqui nos Estados Unidos, um colega meu americano, aqui do trabalho, veio me perguntar sobre como estava o clima no eleitorado brasileiro após a explosão dessa crise política no governo Lula. Posso falar que muitos eleitores de Lula estão decepcionados, e o pessoal da direita soltando fogos, mas eu estou muito cansada para ficar deprimida. Portanto, tento enxergar o lado positivo de todo esse imbroglio: a ala moderada do PT vai aprender que pragmatismo tem limite - fazer vista grossa para aliados corruptos em troca de governabilidade é um no-no. Além disso, a ala mais à esquerda do PT poderá ganhar mais força dentro do governo.
Não acho que a trajetória do PT se esgota no Governo Lula, mesmo que ele perca a próxima eleição. As lições dos episódios mensalão/Correios são duras, mas fundamentais para o amadurecimento do governo e do PT, que muitas vezes se comportam de maneira amadorística, atrapalhando até suas boas intenções. É importante que o PT lute para se reafirmar como um partido mais ético que os demais, e que o eleitorado não caia nesse pensamento de que político é tudo a mesma coisa.
Achei legal a indicação da Dilma Roussef para substituir José Dirceu. Bonito ver uma mulher, profissional competente e progressista, chegar a esse posto no Brasil. Mas ainda fica uma pergunta: quem vai assumir o meio-de-campo político entre o Planalto e o Congresso? Dilma, com seu perfil mais técnico, não parece ser essa pessoa. E Lula, sem tempo nem paciência para se envolver com essas negociações do dia-a-dia com partidos e políticos, não poderá fazer o trabalho todo sozinho. A colunista d'O Globo Helena Chagas, em seu blog, abriu sua caixa de comentários para que os leitores façam suas apostas sobre quem será o novo homem forte do Planalto.
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