Thursday, July 21, 2005

Minha nova casa na Verbeat

ATUALIZEM OS SEUS LINKS! O Stuck in Sac já estreou em sua nova casa, com novo visual criado pela minha amiga Fezoca, e hospedado pela comunidade de blogs Verbeat, que é democrática, inovadora, diversificada e really cool. Estarei me juntando a essa turma de talentosos blogueiros -- se vocês ainda não conhecem, aproveitem pra ir lá visitá-los.

PS: Essa página no blogspot continuará aberta porque provavelmente muita gente ainda irá bater aqui devido a links desatualizados ou buscas em google (hopefully só para quem realmente está atrás do meu blog ou de informações úteis que eu possa oferecer; ontem um sem-noção entrou aqui depois de buscar simplesmente por "pornô").

Wednesday, July 20, 2005

FBI espiona organizações anti-Bush

Aqui nos Estados Unidos, estamos presenciando a volta ao McCarthyismo. Quem se opõe ao governo é vilanizado, perseguido e tratado como inimigo da pátria.

A União Americana das Liberdades Civis (ACLU) descobriu que o FBI está espionando entidades políticas, anti-guerra e ambientais, incluindo a própria ACLU, o Greenpeace, PETA, Comitê Árabe-Americano Contra a Discriminação, Código Rosa, Food Not Bombs, e outros.

A descoberta é fruto de uma ação na justiça em que a ACLU, embasada no Freedom of Information Act, exigiu documentos do FBI sobre uma série de entidades que desconfiavam estar sendo espionadas, e de outras que foram intimidadas diretamente com interrogatórios do Bureau, principalmente na época da eleição presidencial ano passado. Os relatórios do FBI obtidos pela ACLU mostram que o órgão gasta tempo até mesmo monitorando websites e passando ao governo informações sobre protestos pacifistas, como o da United for Peace and Justice, na época da Convenção Nacional Republicana em 2004. Só do Greenpeace, o FBI tem 2383 páginas de documentos. Sobre a ACLU -- um dos órgãos mais odiados pela direita americana por apontar as violações do governo aos direitos dos cidadãos --, o FBI já coleciona mais de 1173 páginas desde o final de 2001.

Isso seria um grande escândalo nacional se a mainstream media americana estivesse realmente interessada em questionar ações suspeitas do governo Bush. Trata-se de um cerceamento à liberdade de expressão e de associação, bem como violação de privacidade, um ataque frontal ao First Amendment da Constituição do país. Mas o caso da espionagem sobre essas entidades até agora não tem obtido qualquer destaque na impresa.

Militante anti-aborto

Enquanto a imprensa segue autômata, marionete dos spin doctors da Casa Branca, outra notícia começa a causar preocupação em meios progressistas e preocupados com os direitos da mulher. Ontem, George W. Bush apontou para a Suprema Corte americana o juiz John Roberts (ainda pende aprovação do Congresso), um conservador que é juiz há apenas dois anos, e durante sua carreira de advogado atuou a favor de restringir o direito de entidades de planejamento familiar em mencionar o aborto como opção (o que, além de interferir nos direitos reprodutivos das mulheres, é um ataque ao direito de expressão e associação; nesse mesmo caso, Roberts afirmou com todas as letras que desejava o fim do direito ao aborto (Roe vs. Wade); e em outra ocasião, ele defendeu a organização Operation Rescue, conhecida por táticas de intimidação física contra mulheres que tentam entrar em clínicas de aborto; a esposa dele, Jane Sullivan Roberts, é diretora de uma entidade anti-aborto que patrocinou a campanha "Mulheres Merecem Algo Melhor (Que o Aborto)".

Cena de ontem na Fox News após anunciado o nome de John Roberts para a Suprema Corte - O âncora Brit Hume, satisfeitíssimo, comenta com os repórteres da casa Brian Wilson e Carl Cameron: "White male, just like all of us!" Os cafajestes temiam que Bush cedesse ao clamor por maior representação feminina e não branca entre os juízes da Suprema Corte.

Monday, July 18, 2005

Freak!


Tom Cruise cumprimenta um "oficial" da Sea Org,
marinha fajuta criada pela Cientologia.
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Eu já tinha me perguntado aqui se as recentes pagações de mico do Tom Cruise seriam futo de loucura ou pura promoção para seu novo filme. Quem matou a charada foi um dos leitores do Stuck, o Marcos Messer: Tom Cruise está agindo de forma estranha porque segue fanaticamente o culto da pseudo-religião Cientologia. Criada por um charlatão megalômano chamado L. Ron Hubbard - falecido em 1986 e reverenciado como um gênio bondoso pelos seus seguidores - a Cientologia afirma que a vida humana na Terra começou a partir da invasão de extraterrestres patrocinada por um warlord malvado chamado Xenu. Além dessa mitologia risível, a Cientologia é baseada em grande parte em técnicas de auto-ajuda desenvolvidas por Hubbard nos anos 50, a chamada Dianética. Dentro dos domínios da Cientologia, Hubbard se arvorou a criar sua própria forma de psiquiatria, ciência nuclear e até uma marinha fajuta, a Sea Organization. Seria cômico, se não fosse o fato de milhares de incautos estarem dando todo o seu dinheiro para a Cientologia, ou até mesmo destruindo suas vidas por se submeterem às formas de tratamento mental disseminadas pelo culto, que rejeita até as drogas psiquiátricas para males sérios como depressão e psicoses. Há poucas semanas, Tom Cruise foi motivo de chacota e indignação nos EUA, ao falar mal de Broooke Shields porque ela defendia o tratamento da depressão pós-parto com os remédios adequados. Confrontado pelo âncora da NBC Matt Lauer, Cruise enfureceu-se: "Matt, você não conhece a história da psiquiatria; EU conheço." Brooke Shields respondeu com elegância em editorial no New York Times, corajosamente admitindo suas tentativas de suicídio durante a depressão pós-parto, e reafirmando que os remédios salvaram a vida dela e de seu bebê. Ela nem se importaria em ser alvo da tresloucada crítica de Tom Cruise, não fosse o fato de que isso poderá prejudicar a vida de muitas famílias que possam sofrer do mesmo problema e acreditar na opinião do ator sem-noção.

E agora, Tom quer arrastar sua jovem noiva Katie Holmes para o culto. Contratou, segundo fontes bem informadas em Hollywood, uma Cientologete da mesma idade de Katie, Jessica Rodriguez, para segui-la em suas viagens, e mantê-la no "bom caminho". Quando um repórter as vê juntas, a moça diz que é a melhor amiga de Katie, embora elas se conheçam há menos de dois meses. Katie, filha de católicos, já se declara convertida à invenção de Hubbard: ""Yes, I am taking classes and I'm really excited about it. I have looked into it myself and I really like it and I think it's really wonderful I feel like I'm bettering myself". Tolinha...

Outras celebridades que se deixam engabelar pelos ensinamentos de Hubbard: John Travolta, Lisa Marie Presley, e pasmem, o otherwise cool cantor Beck. Apesar das freqüentes denúncias e até processos e investigações de governos contra a organização, a Cientologia continua ganhando adeptos com a publicidade fácil que consegue através de Tom e seus colegas de Hollywood. John Travolta mesmo produziu e atuou num filme baseado num livro de ficção científica de Hubbard, uma bomba chamada Battlefield Earth.

Costco cresce pagando bons salários

A supercadeia de lojas Wal-Mart é odiada por trabalhadores organizados e por progressistas em geral, por suas práticas de salários injustos, péssimos benefícios e perseguição a sindicatos, apesar de ser a maior empresa do mundo. Os executivos da Wal-Mart alegam que o setor de retail não tem condições de crescer pagando bons salários, como aconteceu, por exemplo, com as empresas automobilísticas americanas nos anos 50. Mas aí vem outro gigante do retail americano, a Costco, para provar que essa justificativa da Wal-Mart é simplesmente bullshit. O presidente da Costco, Jim Sinegal, acha que é um excelente negócio pagar bons salários e oferecer bons benefícios a seus funcionários, e ao mesmo tempo manter os preços baixos ao consumidor. Ao contrário da Wal-Mart, as taxas de turnover e de furto de produtos por parte dos empregados da Costco são baixíssimas. "E os fregueses da loja permanecem leais porque sabem que os preços baixos não acontecem às custas de exploração dos trabalhadores." Isso é verdade; eu e muitas outras famílias que conheço boicotam a Wal-Mart por suas práticas ilegais e desleais contra os trabalhadores e também contra lojistas locais e menores.

Jim Sinegal se recusa a seguir os conselhos de Wall Street para reduzir salários e benefícios ou então aumentar os preços. "Eles estão interessados apenas em fazer dinheiro entre hoje e quinta-feira. Eu quero construir uma empresa que ainda estará aqui daqui a 50, 60 anos." Por enquanto, a estratégia de Sinegal está dando certo não só junto a consumidores, como também com os acionistas. O preço das ações da empresa na bolsa subiram 10% nos últimos meses, enquanto as da Wal-Mart caíram 5%.

O salário médio de um empregado da Costco é de 17 dólares por hora, o dobro do salário mínimo, e 42% a mais do que seu competidor, Sam's Club (subsidiária da... Wal-Mart). No momento, a Costco tem mais da metade do mercado das cadeias que vendem produtos em bulk (quando você compra uma caixa com um montão da mesma mercadoria). A Sam's Club detém cerca de 40%, mas está louca para derrubar a Costco, alegando que seus preços são ainda menores. Sinegal dá de ombros para a propaganda da Sam's Club, pois diz que os produtos da Costco são de muito mais alta qualidade. Bem, da minha parte, eu sou fã da Costco e não colocarei meus pés no Sam's Club jamais. Mesmo para quem não quer comprar em bulk, a Costco oferece coisas excelentes como frango já pronto, tortas deliciosas, móveis, eletrodomésticos, livros, roupas e outros artigos num preço bem mais baixo que as lojas comuns.

Friday, July 15, 2005

Oompa loompa, doompa-dee-doo...

Um dos filmes que mais me fascinou na infância foi Willie Wonka e a Fantástica Fábrica de Chocolates, de 1971. Achava o filme até um pouco cansativo (como todo musical) e cruel, mas eu me deliciava com a possibilidade do rio de chocolate e daquelas engenhocas malucas, em especial aquele elevador que subia até o céu. Aliás, essa imagem me impressionou tanto, que tenho um sonho recorrente em que estou num elevador que fura o telhado do prédio, ou anda pro lado. O filme era também uma mensagem muito forte contra as crianças mimadas e egoístas, todas tendo um fim horrível. E não dá para esquecer a música dos Oompa-loompas, os trabalhadores anões, ou a performance de Gene Wilder no papel de Willy Wonka.

Agora, mal posso esperar para ver a nova versão do clássico, baseado no livro de Road Dahl, Charlie and the Chocolate Factory, que estréia hoje nos cinemas americanos e já está sendo considerada melhor que a original. Com direção de Tim Burton (perfeito pra esse tipo de filme), meu queridinho Johnny Depp no papel principal, e aquele ator inglês fofo que fez o Peter de Finding Neverland, como o menino pobre Charlie, o filme está sendo muito elogiado pela crítica, que destaca a performance dos atores como sendo ainda mais fantástica que o incrível mundo criado por Burton. Pelo que eu vi até agora, o visual do filme aposta numa estética timeless, as crianças vestidas numa mistura de roupas clássicas e modernas, o interior da fábrica integrando visões de contos de fadas com salas assépticas e futuristas.

By the way, acabo de descobrir que o Road Dahl escreveu em 1972 uma continuação do seu livro, chamada Charlie and the great glass elevator. A aventura começa exatamente onde a história anterior terminava -- o elevador voando no céu. Mistura reflexões sobre a infância com paródias à corrida espacial.

Thursday, July 14, 2005

A breguice de Daslu

Os posts que eu mais gostei até agora sobre a devassa da Polícia Federal na Daslu foram os de João Ximenes, em seu blog n'O Globo, e do Smart Shade of Blue. João Ximenes traz uma aspa maravilhosa de "uma das pitonisas da moda brasileira, um daqueles nomes para quem todas as portas da Daslu se abririam (e que permanecerá anônima)", que lhe disse a respeito da nova loja, inaugurada recentemente:

- Não conheço Dubai, mas imagino que só lá pode haver algo parecido. É luxo de Terceiro Mundo. Luxo de país que tem mucama. Nada podia ser mais ultrapassado.

No Smart, eu achei genial a comparação entre o destino de Eliana Tranchesi, que já foi liberada da prisão, com o do ex-presidente da americana WorldCom, Bernard Ebbers, condenado a 25 anos de cadeia por causar um rombo de $11 bilhões na empresa. Smart também aponta o ridículo dos empresários e da revista Exame que classificam o ataque à Daslu de "histeria anticapitalista". Afinal, não há capitalismo que contribua para um país crescer quando o governo e o povo são constantemente roubados de impostos e benefícios trabalhistas.

Pra terminar, o David Butter, do Alto Volta, nesse post aqui, desencava uma imagem um tanto chocante do universo Daslu, que tende a confirmar a opinião da estilista de moda anônima aí acima.

Tuesday, July 12, 2005

Corrente de Cinema

A minha amiga Fernanda Guimarães Rosa, no seu blog Cinefilia, me passou adiante essa corrente sobre cinema.

1) Qual o seu filme favorito?
Difícil escolher um só, então farei uma pequena lista: Giant (1956), Vertigo (1958), Sleepless in Seattle (1993), Casablanca (1942), Manhattan (1979), Forrest Gump (1994), The Player (1992), Olhos Negros/Oci Ciornie (1987), Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988) etc...

2) Qual o último DVD que você comprou?
Não foi de filme, foi o do TV Pirata. Comprei nas minhas férias no Brasil, para me lembrar do programa humorístico que eu adorava nos anos 80. Já assisti mais ou menos a metade. Ri muito com um dos meus quadros favoritos, aquele em que a socialite da Regina Casé é soterrada em sua cobertura, e resgatada por aquele mexicano especializado em salvar pessoas em escombros. Sempre esticando o rosto com as mãos, Regina Casé tem um chilique quando colocam nela aquele cobertor de pobre e, mal agradecida, ainda manda o "chicano imundo" tirar as mãos de cima dela. Antológico.

3) Quais os últimos 5 filmes que você viu?
Ai, memória... Bem, foram todos em DVD/televisão: Finding Neverland, The Aviator, Eternal Sunshine of the Spotless Mind (pela segunda vez), Sideways, Diários da Motocicleta.

4) Qual o melhor filme brasileiro de todos os tempos?
É difícil responder isso, pois não assisti alguns dos que são considerados como os melhores (a Fer, por exemplo, tascou "Bye Bye Brasil", que ainda não assisti). Dos que eu vi, gostei mais de Central do Brasil e Cidade de Deus; lembro ter gostado bastante de Macunaíma também, mas já faz muito tempo. Estou super curiosa para ver Amarelo Manga, que tantos elogiaram ano passado mais ainda não tive oportunidade de ver aqui nos Estados Unidos.

5) Qual o seu diretor/ator/atriz/gênero favoritos no cinema?
Lá vai uma listona de novo...
Diretores: Hitchcock, Woody Allen, Robert Altman, Cohen Brothers, Nora Ephron
Atores: Jack Nicholson, Sean Penn, Tim Robbins, Robert de Niro, Marlon Brando, Johnny Depp, Russel Crowe, William H. Macy, Jude Law, Kevin Spacey, Don Cheadle...
Atrizes: Susan Sarandon, Diane Keaton, Fernanda Montenegro, Marília Pera, Julianne Moore, Emma Thompson, Kate Winslet, Annette Benning, Frances McDormand.
Gênero: Comédia romântica.

6) Para quem você passa essa corrente adiante?
Para my regular readers que eu sei que curtem cinema e vão fazer listas bem bacanas (se quiserem e tiverem tempo -- sem pressão, galera, pode interromper a corrente na boa): Fernando, Christiana, Laurinha, Rosebud, Megui.

Monday, July 11, 2005

Imprensa finalmente mostra "cojones"

Demorou. Mas hoje, mais de uma semana depois de a Newsweek revelar o envolvimento do Chefe da Casa Civil e principal conselheiro do presidente, Karl Rove, na delação do nome de uma agente secreta da CIA para alguns repórteres, para se vingar do marido dela (ler post abaixo), o Corpo de Jornalistas que faz a cobertura da Casa Branca finalmente resolveu acordar e fazer as perguntas devidas à administração Bush. A entrevista coletiva do porta-voz da presidência, Scott McLellan, esta tarde, ao WH Press Corps, foi um show dos repórteres e um vexame para o governo. Veja este ótimo trecho em que jornalistas massacram o porta-voz McLellan:

David Gregory, NBC News: O Karl Rove cometeu um crime?

McLellan: David, a investigação está em curso, então não vamos comentar sobre isso.

DG: O senhor continua honrando a sua afirmação do outono de 2003, quando o senhor foi perguntado especificamente sobre Karl Rove, Eliot Abrams e Scooter Libby, e respondeu que "eu falei com cada um desses senhores, e todos me responderam que não têm nada a ver com o caso"? O senhor continua a confirmar esta declaração?

McLellan: Na época eu falei também que, para contribuir para as investigações, não iríamos comentar nada além sobre o caso.

DG: Scott, isso é ridículo. A noção de que você chega agora na nossa frente, depois de já ter comentado sobre o caso antes naquele nível de detalhamento, e de repente por algum motivo, não pode mais comentar nada. As declarações anteriores foram públicas. O senhor as confirma ou não?

McLellan: Como você, eu sei muito bem o que foi dito antes. E terei o maior prazer de comentar sobre isso no momento apropriado. O momento apropriado será quando a investigação...

DG: Quando é apropriado?

McLellan: Deixe-me concluir...

DG: Não, o senhor não vai concluir nada, não está dizendo nada. O senhor já esteve aí nesse mesmo pódio afirmando que Karl Rove não estava envolvido. E agora nós descobrimos que ele falou sobre a mulher do [ex-embaixador] Joseph Wilson. Então o senhor não acha que deve uma explicação ao público americano? Ele está envolvido no caso ou não? Porque, ao contrário do que você disse antes, [Rove] realmente falou sobre [Valerie Plame], não é?

McLellan: Haverá o momento certo de se falar isso, agora não é a hora certa.

DG: O senhor acha que o povo vai aceitar isso que o senhor está dizendo hoje?

McLellan: Mais uma vez, eu já respondi a isso.

Terry Moran, ABC News: Você está numa situação complicada aqui, Scott (Risos da platéia). Porque você comentou e chegou a dizer os nomes de Rove, Abrams e Libby como não estando envolvidos, mesmo depois da investigação já iniciada. Agora que Rove já foi praticamente flagrado como tendo vazado a informação, de repente o senhor vem com o maior respeito pela santidade da investigação criminal.

(...)

McLellan: Eu agradeço as suas perguntas. Pode continuar perguntando, mas você já tem a minha resposta.

TM: Bem, nós VAMOS continuar perguntando. Quando que o presidente soube que Karl Rove conversou com um repórter sobre o envolvimento da mulher do ex-embaixador Wilson na viagem dele para a África?

McLellan: Eu já respondi às suas perguntas.

TM: Ao final das investigações, o presidente será coerente com sua afirmação inicial de que irá demitir quaisquer que sejam os envolvidos no vazamento [do nome da agente da CIA]?

McLellan: Falaremos sobre isso ao final das investigações.

TM: Já que o próprio advogado de Rove já falou publicamente sobre o assunto, por que comprometeria a investigação falar sobre isso aqui?

McLellan: Bem, algumas das autoridades responsáveis pelas investigações expressaram o desejo que não comentássemos sobre o assunto.

TM: Scott, há uma diferença entre comentar sobre uma investigação e tomar uma providência depois que se toma conhecimento dos fatos...

E McLellan nem o responde dessa vez. Mas os repórteres cumpriram muito bem o seu papel em questionar a incoerência do governo sobre o caso, exigir uma explicação para o povo americano, e expressar sua insatisfação com a postura da administração Bush em não tomar qualquer decisão sobre Rove. Essa entrevista está em mãos de todos os jornais e redes de TV americanas, já foi linkada por toda a blogosfera de esquerda. Mas resta saber como a mainstream media vai cobrir o fato - se continuará na linha dos repórteres questionadores, ou se vai silenciar-se, cúmplice.

Sunday, July 10, 2005

A dor e a delícia de ter mais de 30

O Rafael Galvão escreveu um post hoje dizendo que o período de maior angústia, insegurança e carência sexual dos homens é na adolescência, quando os rapazes cheios de acne, desajeitados, sem grana e experiência são ignorados pelas meninas que desejam, e muitas vezes obrigados a recorrer à masturbação freqüente ou a "empregadas domésticas que encoxamos nas escadas, nas ruas escuras e debaixo das árvores". Em compensação, a vingança masculina chegaria quando as mulheres passam dos 30 anos. "Se -- generalizando e correndo o risco inerente a qualquer generalização -- uma mulher não está casada ao se aproximar dos 30 anos, a percepção de que suas chances de estabilização diminuem a cada novo dia, a cada nova ruga, a cada aproximação dos seios em direção à terra, a cada nova protuberância de celulite a deixa completamente angustiada" dispara Rafael, já consciente de que seria metralhado por suas leitoras acima de 30 anos. E continua: "Além do que dizem ser a escassez masculina, elas ainda continuam escolhendo bastante -- esse não dá porque é baixinho, esse não tem futuro, esse... E, paradoxalmente, quando escolhem, muitas vezes escolhem errado. O resultado é o aumento da descrença no sexo oposto, que infelizmente cresce no mesmo ritmo que a certeza de que é impossível viver sem eles."

É, Rafa, acho que a generalização não caiu bem, basta ver a reação das mulheres nos comentários ao seu post, apontando todos os furos nesse raciocínio. Primeiro, há mulheres que ficam mais bonitas depois dos 30 -- e mesmo que não seja esse o caso, o tipo de homem que não quer uma mulher sexy, inteligente e madura só porque ela não tem o peito em pé ou bunda durinha, definitivamente não é o homem dos nossos sonhos. Além disso, há muitas mulheres de 30 a 60 anos sem marido que estão muito mais felizes e sexualmente satisfeitas que a maioria das casadas. A resposta deliciosamente sarcástica da leitora Isabel vale ser reproduzida aqui:

Eu cheguei aos 30 e me livrei do casamento!!! Não sei o que essas mulheres tanto querem: mau-humor de manhã, o jornal amassado, peidos homéricos e o futebolzinho do domingo à tarde. Para não dizer a pelada com os amiguinhos suburbanos da terça à noite e o figurino bermuda-sandalia-de-dedo que todas nós achamos super-sexy. Pra não falar da sogra... Por que mulher quer casar mesmo? Ah, porque o sonho de consumo dela é reclamar da sogra ultra-protetora do filhinho da mamãe com quem ela casou, e que depois de alguns anos, ela não sabe se o filhinho da mamãe gosta dela por ser sua mulher ou por ser sua mãe-empregada substituta, depois que as chamas de paixão (e do sexo) viram um "raro prazer". Não troco os meus P.A. (paus-amigos) por nada nesse mundo! Não tenho que me preocupar com a agenda social, com os buracos nas meias, nem com as crises profissionais do p.a. Só quero paixão e poesia, e pode deixar que dos meus problemas cuido eu. Mulher de 30 anos esperta não passa tarde de domingo nem terça à noite sozinha. Só se for muito incompetente...
Por outro lado, há que se reconhecer que Rafael tem uma certa razão ao falar da ansiedade das mulheres em encontrar o homem ideal, e de que consideramos haver falta de produtos decentes no mercado. Só que isso não começa depois dos 30. A angústia já vem da adolescência e continua pro resto da vida. Tem uma entrada no meu diário aos 12 anos de idade que diz: "acho que nunca vou arrumar namorado", sem imaginar que no ano seguinte os dois maiores gatinhos da rua estariam me disputando. Mas nem sempre foi assim, um ano depois, aliás, eu já me encontrava completamente enchalhada. E você descobre desde cedo que os melhores homens, aparentemente, SEMPRE já estão comprometidos. E se você não for a menina mais linda ou sortuda da escola ou da rua, nunca vai ser tarefa fácil descolar sequer o tal adolescente espinhudo discípulo de Onan. Ou seja, se você está entre esses 99% das mulheres normais do mundo, vai aprender em tempo a usar armas como inteligência, senso de humor, linguagem corporal, camaradagem com os garotos, roupas bonitas, o corte de cabelo certo, e por aí vai.

Talvez o grande erro que as mulheres cometem nas suas relações com o sexo oposto seja o excesso de romantismo, a esperança de que cada nova relação vá ser a definitiva. Assim, elas relevam defeitos insuportáveis, manias irritantes, os pneus suficientes para preencher um depósito da Michelin, a performance sexual menos que satisfatória, tudo para que a relação "dê certo". Já os homens encontram com uma mulher nova num mindset completamente diferente. Aos primeiros sinais de grude ou emotividade excessiva, virilha mal depilada, calcinha velha, uma sandália que deu chulé, já era, o cara parte para outra. Afinal, para que perder tempo com essa mulher, se não foi capaz de me fazer instantaneamente cair de quatro por ela?

Acho que o ideal seria um equilíbrio entre os dois tipos de modus operandi. As mulheres estão namorando e casando com um bando de manés, enquanto os homens estão dispensando mulheres fascinantes sem lhes dar uma segunda chance. No final, os dois estão fazendo escolhas erradas. Casamentos infelizes ou tediosos são mais regra que exceção.

Ah, e essa imagem do rapaz fazendo iniciação sexual com empregada ou puta... Acho que depois do advento da pílula e mais tarde da AIDS, isso se torna cada vez mais raro.

Saturday, July 09, 2005

Os melhores posts da semana

Esta semana eu li alguns posts primorosos, seja pela beleza do texto, ou pela simples diversão que proporcionam - ou ambos. Queria dividir os links com vocês.

A escritora e poeta carioca Christiana Nóvoa, encabeça a lista com dois posts: Impacto Profundo, sobre a explosão de um cometa provocada pela NASA, é um dos melhores que eu já li na blogosfera, me fez rir às gargalhadas ao mesmo tempo que admirei a forma como o texto dela flui com naturalidade, pegando o gancho da explosão para explorar diferentes temas e links. Depois, ela vem com o post Recordações para não deixar de perder um mega-evento, em que ela compara sua propensão a perder eventos imperdíveis com a sua invejável disposição adolescente na aventura do primeiro Rock in Rio.

Entre os posts que comentaram a tragédia de Londres, o melhor texto para mim foi o de Roman, do Blog-dos-Ventos.

Jorge Pontual, jornalista e correspondente da Rede Globo e Globonews em Nova York, traz um excelente post sobre os ataques da direita americana à imprensa, ao que chamam de liberal media.

Para quem não resiste a um papo sobre os mistérios do relacionamento homem/mulher, as leituras da semana são Não tenho bunda, de Biajoni, e Conte os erros, do blog Coisas de Laurinha.

E os fãs de cinema, em especial do filme Casablanca, vão adorar este post de Rafael Galvão.

Friday, July 08, 2005

Canalhice diante dos ataques

Para vocês terem uma idéia do nível de racismo, insensibilidade e canalhice da rede de extrema-direita americana Fox News, estou reproduzindo trechos da cobertura deste canal sobre o ataque terrorista a Londres ontem à noite, pinçados pelo Daily Kos:

"Essas pessoas estão preparadas a, se necessário, derramar sangue árabe, além do sangue dos londrinos comuns - das pessoas não-árabes que vivem em Londres." (repórter da Fox News)

"A primeira coisa que eu pensei quando ouvi falar sobre os ataques foi, hmmm, hora de comprar no mercado de futuros..." (Brit Hume, âncora da Fox em Washington, ao analisar por que não houve queda na bolsa americana após os ataques a Londres).

"E foi a primeira vez desde 11 de setembro que eles entenderam que o terrorismo deve ser a prioridade Número 1. Mas é importante que os líderes estejam tendo essa experiência juntos. Isso é um benefício para nós, no Mundo Ocidental, que eles tenham tido essa experiência juntos a apenas 500 milhas de onde os ataques aconteceram." (Outro apresentador da Fox, Brian Kilmeade, encontrando um ponto super positivo nos ataques e aparentemente ignorando que Londres já foi vítima do terrorismo várias vezes muito antes do 11 de setembro.)

God, I despise Fox News.

Thursday, July 07, 2005

Ecos de Londres

Procurei blogs brasileiros em Londres que estivessem comentando os ataques terroristas dessa manhã. Encontrei Microfone, de Consuelo, comentando o contraste da sensação boa trazida pelo movimento Live 8/Make Poverty History e as explosões dessa manhã, confirmando um temor do povo londrino. Eliazer, do Conexão Brasil-London, e Márcia do Vida Escrita à Mão, não falam de suas impressões pessoais, mas registram a notícia. Excelente dica da blogueira de Minas Cynthia Semiramis: o Cafeína, de CALEXico, traz imagens dos sobreviventes em pânico e choque. Tiagón me avisa que o Sérgio, do Miúdos, escreveu uma crônica pessoal sobre o dia que viveu ontem. O Pedro Dória deu o link para a Yami Trequesser escrevendo para o site brasileiro Blue Bus.

O Newsblog do Guardian está sendo atualizado a todo momento com notícias, fotos e depoimentos. E claro que a BBC é sempre uma fonte essencial para os acontecimentos de Londres. O Technorati dá um panorama de vários blogs comentando as explosões. Dos blogs londrinos, eu recomendo uma lida no Londonist e Bloggerheads.

Tuesday, July 05, 2005

Karl Rove a perigo

Não custa sonhar. Mas que a merda está pertinho de bater no ventilador, ah, isso está. Desde sábado, não se fala em outra coisa na blogosfera americana. Karl Rove, considerado "o cérebro de Bush", o arquiteto do poderoso marketing das campanhas eleitorais de Bush e de seus dois mandatos presidenciais, pode ter sido a misteriosa fonte do governo que delatou para jornalistas conservadores o nome de uma agente secreta da C.I.A. -- crime sério de traição da pátria, pela lei americana --, Valerie Plame, como retaliação ao marido dela, ex-embaixador Joseph Wilson, que havia falado publicamente contra a guerra ao Iraque. O nome de Rove está nas anotações do jornalista Matt Cooper, da Time, que foram entregues pela revista à Justiça americana, que investiga os culpados pelo vazamento da informação. O deputado federal democrata John Conyers já está passando um abaixo assinado entre os colegas do Congresso para exigir que o chefe da Casa Civil Karl Rove explique seu envolvimento no caso, ou renuncie imediatamente.

O Caso Plame, como é conhecido aqui, tem causado polêmica de todas as formas, não só pela gravidade e mesquinhez da delação do nome da agente como vingança republicana, mas também por abrir precedentes para que jornalistas sejam obrigados a revelar fontes anônimas de suas reportagens. Para muitos jornais, jornalistas e seus advogados, é preciso proteger a anonimidade das fontes a todo custo, pois do contrário seria impossível realizar matérias investigativas importantes no futuro, especialmente para os jornalistas envolvidos no caso: Matt Cooper da Time, Judith Miller do New York Times, e o asshole Robert Novak, pundit da CNN e colunista sindicado em vários jornais. Já os promotores do caso acreditam que, quando há um crime em jogo, o conceito da anonimidade das fontes deixa de ser prioridade. Por isso, a promotoria federal está ameaçando até de prisão os jornalistas Judith Miller e Matt Cooper, se continuarem se recusando a colaborar com o processo. Aparentemente a pressão ainda não chegou até Novak, embora ele tenha sido o principal divulgador do nome de Plame, e seja ainda um dos colunistas mais procurados por Karl Rove.

No entanto, há jornalistas que defendem a revelação da fonte no Caso Plame. Um deles é o ex-repórter e atual Professor da Universidade de Massachusetts em Amherst, Bill Israel, que foi colega de Karl Rove na Universidade do Texas. Para Bill Israel, uma coisa é proteger uma fonte que está denunciando um crime grave na administração pública ou privada; outra coisa é proteger o próprio criminoso. E ele, que conhece pessoalmente e até acha Rove brilhante e simpático, acha que os jornalistas Miller e Cooper estão errados em proteger o comportamento do "Primeiro Ministro" de Bush. "In this case, journalists as a community have been played for patsies by the president’s chief strategist, Karl Rove, and are enabling him to abuse the First Amendment, by their invoking it", afirma Israel.

Update em 6 de julho: A repórter do New York Times Judith Miller acaba de ser presa por se recusar a revelar sua fonte à Justiça. Matt Cooper, da Time, já recebeu autorização da sua fonte na reportagem para ir depor, e assim se livrar da cadeia.

Friday, July 01, 2005

Mensagens patrióticas do 4th of July


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É o feriadão de 4 de julho nos Estados Unidos, e os blogueiros da esquerda em Sacramento não poderiam deixar de atender ao chamado do movimento de Freeway Blogging para colocar patrióticas mensagens anti-Bush nas passarelas sobre as auto-estradas da região. As fotos acima foram tiradas logo após a confecção dos cartazes, e a última depois que foram pendurados em overpasses de estradas supermovimentadas.