Tuesday, November 30, 2004

Wal-Mart não está com essa bola toda

Cheapness has its limits. A cadeia de lojas Wal-Mart é o gigante retail dos Estados Unidos, campeã de vendas porque sua estratégia é o preço mais baixo do mercado -- atinge isso, é claro, pagando baixos salários, parcos benefícios (a sindicalização é proibida), comprando de fornecedores de baixa qualidade ou importando produtos da China. A cadeia de lojas se espalha pelo país e no exterior como um câncer, assustando os competidores grandes e pequenos, desfigurando o caráter local do comércio de cidades menores. Mas na imprensa especializada em business, já se começa a duvidar da eficácia da estratégia empresarial da Wal-Mart. Ao contrário de lojas como a Target, que aliam baixo preço a uma tentativa de oferecer artigos "hip", variedade de marcas e boa qualidade, a Wal-Mart tem uma seleção de produtos pobre, lojas feias, que não oferecem uma exciting shopping experience. Como o seu único diferencial é o preço, a Wal-Mart sofre com o impacto da baixa do dólar e da alta dos custos de matéria prima, alimentos, energia, pois há um limite para o quanto pode baixar seus preços sem reduzir seus lucros (e os investidores estão de olho). Não é à toa que o fim de semana de largada para as compras de Natal (Thanksgiving) desse ano foi medíocre para a Wal-Mart, enquanto outras lojas como Sears, Target, Macy's e J.C. Penney (cujo público não está à procura unicamente de preços baixos) comemoraram o aumento de vendas. Em outro front, na expansão do número de lojas no país e no exterior, a Wal-Mart também está sofrendo restrições -- oposição de comunidades à abertura de novas Wal-Mart, consumidores que boicotam a cadeia por sua má política trabalhista, e agora a exigência, na China, onde a cadeia tem 39 lojas, de que seus empregados sejam sindicalizados se quiserem. Para Daniel Gross, da Slate, o grande monstro de Betonville está sangrando.

Saturday, November 27, 2004

Bodega Bay


Visual típico da costa norte da California em Bodega Head.


Cipreste à beira da baía.


A igreja do filme Pássaros.


A velha sede dos correios.


Vista da varanda.

Tuesday, November 23, 2004

Food for thought

Minha atitude diante da comida americana é de desânimo. Certo, já moro aqui há tempo suficiente para saber onde encontrar os melhores e mais saborosos ingredientes, inclusive naturais e orgânicos, e os restaurantes e delis onde posso almoçar um pratão de comida em vez de sanduíche. Mas na maior parte do tempo a gente se depara, na casa dos outros ou em festas ou em restaurantes diversos, ou mesmo em livros de receitas, com uma comida de sabor pouco sofisticado, carregada de ingredientes artificiais e molhos fortes que escondem o gosto verdadeiro dos alimentos. A minha tragédia é que sou péssima na cozinha, e nunca consegui reproduzir as minhas receitas brasileiras preferidas do jeito que elas devem ser. Mas ainda insisto, especialmente porque preciso ensinar a meu filho que nem toda comida sai de dentro de caixas e latas. É, vai ser um grande desafio, já que os maiores anunciantes dos programas de TV infantis são redes de fast food, marcas de biscoito e chocolates... Fiquei horrorizada ao ver que mesmo o politicamente correto Sesame Street é patrocinado pelo McDonald's. Além disso, já comentei aqui num dos meus posts de meses atrás que o prato principal do almoço das escolas primárias americanas consiste em hot dogs, pizza, hamburger, chicken nuggets e outras nojeiras (veja alguns dos menus de breakfast e lunch aqui). Estou numa missão pessoal agora de me transformar de uma negação na cozinha para uma chef gourmet, pelo bem do meu filho.

Meanwhile, o feriadão de Thanksgiving desta quinta-feira é uma época em que americanos ficam obcecados por comida e cozinhar. A ceia obrigatória de peru assado, molho gravy, molho de cranberry, purê de batatas e outros legumes como brócolis, vagem e ervilhas, bem como as tortas de abóbora ou maçã na sobremesa, estressa quem não está acostumado a fazer um jantar que leva horas pra cozinhar, ou quem não está acostumado a fazer comida para muita gente. Todo ano é o mesmo papo. Colegas de trabalho perguntam: "você vai cozinhar a ceia?" E você tem que dar a mesma resposta mil vezes, ao que a colega retruca com sua própria história pessoal que não te interessa a mínima. Mas tudo bem, faz parte... Até o presidente dos EUA tem que perder tempo com uma tradição, desde 1947, de "perdoar" um peru que não será morto para virar ceia. Atualmente, o website da Casa Branca dedica várias páginas a esta babaquice, e agora há até uma votação pública para escolher o nome do peru a ser salvo da panela. Este ano, o sortudo foi Biscuits and Gravy.

Mas se essa ceia de Thanksgiving parece ser natural e saudável, pense duas vezes. Os perus são criados em verdadeiras fábricas, onde não têm espaço sequer para andar, procriam por inseminação artificial e recebem antibióticos. As tortas de abóbora dificilmente são feitas direto da fruta, geralmente compra-se purê de abóbora enlatado, e uma massa quase pronta que só precisa ir ao forno. Os legumes e molhos também muitas vezes vêm de latas. Mas mesmo comprar legumes e verduras no produce aisle do supermercado não é garantia de uma comida saudável. Um artigo hoje no New York Times defende que se preste atenção na origem dos alimentos, pois aves criadas livres (free range) e sem antibióticos, e legumes plantados de forma orgânica preservam muito mais nutrientes do que os feitos em escala industrial.

Thursday, November 18, 2004

Santa ignorância

Depois da Santa da janela, a Santa do sanduíche.

Wednesday, November 17, 2004

Adeus a um herói


Estou muito triste. O neném desta foto, Augusto, filho de uma moça maravilhosa, a Cris, que conheci na lista mamãe e bebê, morreu hoje em São Paulo. Ele nasceu em abril deste ano, prematuro, e sem o intestino delgado. Ele lutou bravamente durante todos esses meses, contra um sem número de infecções, sendo alimentado via catéter, enquanto esperava ganhar peso para um transplante intestinal, que seria sua única chance de sobrevivência a longo prazo. O transplante só poderia ser feito quando ele pesasse 10 quilos, e ele ainda não tinha ultrapassado os 3,5kg. O caso de Augusto sensibilizou as mães da lista e, sob a iniciativa de Luciana Freire, foi criada uma grande rede de solidariedade para tentar salvá-lo. Nosso amigo não resistiu a tantas infecções. Mas com todo o sofrimento, sempre foi um menino bonzinho, brincalhão e sorridente. Que grande tristeza perdê-lo, principalmente para a mamãe Cris e a irmãzinha Gabriela.

Friday, November 12, 2004

Justiça foi feita

Acabamos de saber que Scott Peterson foi considerado culpado por assassinato em primeiro grau de sua esposa Laci Peterson, grávida de oito meses, e por assassinato em segundo grau de seu filho não nascido, Conner. Laci desapareceu nas vésperas do Natal de 2002, e Scott criou um álibi para se fazer de inocente; provou que foi pescar na baía de San Francisco em seu barco, com um tíquete de estacionamento da marina (mesmo assim, muito estranho um cara morando no sul do Central Valley, ir na manhã do dia 24 de dezembro pescar na Bay Area, deixando a mulher grávida sozinha; um cara que nem tinha o hábito de pescar, e cujos pais nem sabiam que ele tinha barco... Hummm...) . Outra coisa que fez todo mundo desconfiar de Scott desde o início é que ele nunca demonstrou o desespero ou depressão que seria normal em um marido e pai cuja mulher grávida estivesse desaparecida. Quando ainda estavam procurando Laci, ele tentou vender o carro dela. Hummm... Para piorar, uma jovem chamada Amber Frey denunciou à polícia que Scott, antes do desaparecimento de Laci, tinha se tornado amante dela, alegando que era viúvo. HUMMMMMMMMMMMMM!!! Amber tinha provas do relacionamento, incluindo fotos e uma gravação. Mesmo assim, a polícia ainda não tinha razões concretas para justificar a prisão de Scott. Até que, no início do ano passado, apareceram nas margens da baía o corpo de Laci e, dias depois, o do neném (que se soltou de dentro da barriga da mãe, devido à decomposição), bem pertinho de onde Scott teria ido pescar. A polícia imediatamente prendeu Peterson, que estava num clube de golf em San Diego, com os cabelos tingidos de louro, uma barba que nunca teve antes, e uns 20 mil dólares no bolso, bem como uma identidade que era de seu irmão. Hummm... Mas ainda houve muito drama, pois foi preciso fazer testes de DNA para reconhecer a identidade dos corpos. Quando foi revelado que eram mesmo Laci e Conner, houve comoção nacional. Todos tinham visto fotos e vídeos da simpática e bonita Laci, feliz com seu barrigão, e qualquer pessoa consegue sentir a dimensão da tragédia para os pais e irmãos da moça assassinada no final de sua gravidez. Ainda assim, como a polícia nunca conseguiu provas concretas como arma e local do crime, seria um grande desafio para os promotores conseguir convencer o júri da culpa de Scott Peterson. Principalmente porque ele foi assistido por um advogado superstar, Mark Geragos, o mesmo que defendeu Winona Ryder e Michael Jackson. O julgamento, que durou cinco meses, chegou ao fim hoje na hora do almoço, e o veredito foi anunciado pouco depois de 1 da tarde. Meus colegas do trabalho souberam pela internet e o clima foi de alívio, com muita gente tendo goose bumps de emoção. Mais detalhes no site da CNN.

Thursday, November 11, 2004


Meus amigos da Dawn Patrol colocaram esse cartaz numa ponte sobre a highway 50 em Sacramento, e entraram mais uma vez para a galeria do Freeway Blogger, um movimento de protesto anti-Bush que começou antes da eleição e vai continuar até 2008 (a não ser que haja um impeachment antes).


Este cartaz lamenta a morte da democracia americana e é acompanhado por uma bandeira de cabeça para baixo (pela lei, pode-se colocar a bandeira upside down como pedido de socorro, um sinal de distress e grande perigo).


Este cartaz foi visto numa rodovia do sul da California.

Tuesday, November 09, 2004

Quer nos expulsar? Vá em frente!!!

Um jornalista da publicação de extrema direita Human Events está propondo a expulsão dos estados que votaram democrata em 2000 e 2004. Veja alguns dos inacreditáveis trechos do artigo que o tal de Mike Thompson excretou:

"Yet, there are 38 states today that may be inclined to adopt, let us call it, a "Declaration of Expulsion," that is, a specific constitutional amendment to kick out the systemically troublesome states and those trending rapidly toward anti-American, if not outright subversive, behavior. The 12 states that must go: California, Illinois, New York, New Jersey, Massachusetts, Vermont, New Hampshire, Maine, Rhode Island, Connecticut, Maryland, and Delaware. Only the remaining 38 states would retain the name, "United States of America." The 12 expelled mobs could call themselves the "Dirty Dozen," or individually keep their identity and go their separate ways, probably straight to Hell."

Que burrice, o cara quer expulsar alguns dos estados que geram a maior parte do PIB americano. E mais abaixo, ele continua:

"BUSH USA is predominantly white; devoutly Christian (mostly Protestant); openly, vigorously heterosexual; an open land of single-family homes and ranches; economically sound (except for a few farms), but not drunk with cyberworld business development, and mainly English-speaking, with a predilection for respectfully uttering "yes, ma'am" and "yes, sir."
GORE/KERRY USA is ethnically diverse; multi-religious, irreligious or nastily antireligious; more sexually liberated (if not in actual practice, certainly in attitude); awash with condo canyons and other high-end real estate bordered by sprawling, squalid public housing or neglected private homes, decidedly short of middle-class neighborhoods; both high tech and oddly primitive in its commerce; very artsy, and Babelesque, with abnormally loud speakers."

Uau. O cara é descendente direto da Ku Klux Klan.

Eu cheguei até esse texto via Atrios, e a princípio pensei que Human Events seria apenas um jornaleco marginal que nem a direita levaria a sério; mas depois, percebi que algumas das principais estrelas reacionárias da TV, como Robert Novak e Ann Coulter, são colunistas desse jornal (impresso e online). Isso é grave. Em pleno século 21, os caras não tem o menor pudor em ficar reproduzindo essa ideologia de supremacia branca protestante. Se eu fosse uma advogada não branca, não cristã, morando em qualquer dos estados que ele chama de Dirty Dozen, eu entraria com processo contra ele.

Enfim, os pundits da direita americana são os verdadeiros ASSES OF EVIL.

The book is on the table

Um livro escrito em 1855 pelo português Pedro Carolino é conhecido (e vendido) até hoje como o pior guia da língua inglesa de todos os tempos. Movido por ingenuidade ou charlatanismo, Pedro resolveu criar um guia de conversação Inglês/Português, sem saber absolutamente nada da língua inglesa, munido apenas de dicionários de bolso. Daí, surgiram pérolas como: "Cat scalded fear the cold water" e "To cast pearls before swine", ou mesmo "Tell me whom thou frequent, I will tell you which you are." Para quem conhece bem a língua inglesa, dá para ver que a gramática é absurda, as frases nao têm nexo, e o livro de Carolino se torna humor puro, e por isso virou cult, sob o titulo English as she is spoke. A obra-prima de humor involuntário de Pedro Carolino foi descoberta por um inglês nos idos de 1860, que numa visita à colônia portuguesa de Macau, ficou horrorizado ao ver que escolas estavam adotando o livro como textbook legítimo da língua inglesa. Para quem conhece português E inglês, o livro é duplamente engracado, pois revela a imbecilidade de Carolino ao acreditar que ditados típicos de Portugal ou Brasil seriam igualmente usados nas ruas de Londres ou Nova York, bem como suas toscas tentativas de traduzir palavra por palavra sem qualquer noção de vocabulário, conjugação verbal ou da sintaxe inglesa. O mico de Pedro Carolino é até hoje tema de pesquisas de universidades americanas e inglesas. Recentemente, descobriu-se que Pedro Carolino, para piorar, plagiou um legítimo Guia de Conversação Português/Francês, escrito poucos anos antes por José da Fonseca, no qual baseou a estrutura das lições de seu livro Português/Inglês.

Saturday, November 06, 2004

Meu candidato para 2008


Filho de um africano do Kenya e de uma americana do Kansas, Barack Obama é a mais nova estrela do Partido Democrata. Eloqüente, cheio de carisma, ele tem amigos até na oposição. Comunica-se à vontade com os cidadãos, seja no dialeto dos brancos da elite, dos negros dos projetos habitacionais, ou dos trabalhadores blue collar ou fazendeiros do interior do Illinois. Sempre teve a coragem de dizer que é contra a guerra no Iraque e contra o NAFTA. Mas também tem a coragem de dizer diante de uma platéia de sindicalistas que ele é contra o protecionismo. Formado em Harvard, e dando aulas de direito na Universidade de Chicago, ele começou sua carreira trabalhando para comunidades pobres da cidade, principalmente na defesa de direitos de emprego e moradia. Diz que ser professor de direito constitucional é um excelente treino para sua carreira política, pois volta e meia ele tem que pesquisar e responder questões sobre temas complicados como aborto e casamento gay.

Perguntado sobre como ele consegue se comunicar tão bem com o público rural branco, ele responde: "Porque esses são os meus avós maternos. A comida que eles servem é a mesma que os meus avós serviam. Suas maneiras, suas sensibilidades, seu senso de certo e errado, tudo isso é familiar pra mim." Ao mesmo tempo, Obama se identifica como um negro. E embora não tivesse muito contato com o pai africano, que deixou sua mãe quando ele ainda era pequeno, e hoje é falecido, Obama foi em busca de suas raízes no vilarejo do Kenya onde seu pai nasceu.

Ou seja, Obama consegue transpor barreiras raciais, culturais e econômicas e conquistar um eleitorado diverso. Ele sabe como transmitir uma mensagem positiva e otimista, e tem uma religiosidade autêntica sem ser moralista ou preconceituosa. Pra mim, esse é o homem. E 2008 pode ser uma parada dura, se os republicanos vierem com Schwarzenegger como candidato.

Mais detalhes sobre o perfil de Obama você pode ver nessa matéria da New Yorker (antes de ele se eleger pro Senado nacional) ou no blog da vitoriosa campanha dele para o Senado.

Thursday, November 04, 2004

Nem tudo está perdido

Na ressaca pós-eleição, os colegas aqui do meu trabalho que votaram em Kerry se juntam nos cantos para comentar o nosso sentimento de horror e buscar algum conforto em saber que pelo menos há muitas pessoas igualmente inconformadas.

Hoje, fui almoçar num verdadeiro oásis; o Natural Foods Co-op, onde só se encontram produtos orgânicos, e onde pude comer arroz, feijão, frango (free-range) jamaicano e salada fresca, enquanto uma moça na mesa ao lado pintava uma aquarela, e uma outra fazia compras com seu bebê novinho dormindo no peito dela num sling. Um cartaz anunciava uma palestra contra a cultura do medo. Um negro de dreadlocks fazia compras ao lado de sua mulher latina com piercing no nariz. Uma loura almoçava enquando resolvia assuntos de trabalho no telefone celular, comentando sobre o artista que seria exibido em sua galeria. Então me senti um pouco mais otimista. A América não é só os brancos obesos do Texas ou da Flórida, os racistas saudosos dos anos 50 ou ignorantes que só assistem à Fox News. Tem muita gente preocupada e sensível com o que acontece no mundo, gente querendo preservar o meio ambiente e preocupada em alimentar seus filhos com alimentos frescos e livres de agrotóxicos, gente que não discrimina quem usa tatuagem, piercing, ou casa com pessoas de diferentes raças ou do mesmo sexo. Essas pessoas, que não têm medo de mostrar o que são, de viver livremente, de lutar para melhorar a sociedade, são e sempre foram a vanguarda responsável pelas revoluções culturais que mudaram o país e todo o mundo ocidental para melhor. Essa gente continua mobilizada e não vai desistir por causa de uma derrota. As centenas de blogs jornalísticos anti-Bush criados antes da eleição vão continuar atuantes, os voluntários e militantes vão continuar seu trabalho de base. Com persistência, a gente chega lá.

Wednesday, November 03, 2004

Depressão total

Kerry acaba de admitir a derrota.

Em vez da juventude, quem compareceu em massa foram os evangélicos de meia idade, que querem acabar com o direito ao aborto, impedir o casamento gay, entre outros.

A mentalidade tacanha do meio-oeste prevaleceu; pessoas mal informadas que acreditam estar mais seguras contra o terrorismo sob o governo de Bush, e não percebem que a guerra no Iraque deu munição para os jihadistas e nos tornou muito mais vulnerável.

Basicamente, somos reféns, por um lado, dos ignorantes fundamentalistas aqui nos EUA; e dos ignorantes fundamentalistas da Al Qaida e similares.

Resta torcer por um novo Watergate que dê um fim breve ao segundo governo Bush. Eles já foram tão arrogantes no primeiro mandato, já foram pegos em tantas mentiras e desmandos, que não sei como pode ser pior, mas pode. Espero que dessa vez a imprensa seja mais vigilante, e a oposição também. O partido Democrata foi muito fraco como oposição desde o 11 de setembro, não soube fazer a cabeça da população contra o Bush. A virada aconteceu muito tarde, na reta final, e não deu tempo para conquistar votos suficientes.

Tuesday, November 02, 2004

É hoje

Ainda vamos ter que esperar pelo menos até a noite de hoje (na Costa Oeste, três horas atrasada em relação à Leste) para ter alguma noção de quem venceu essa eleição. O pessoal aqui pode votar até tarde, e os locais de votação ficam abertos enquanto houver gente na fila. Se não houver uma vitória clara de Kerry ou Bush, vamos ter que sofrer semanas de batalhas judiciais. Que já começaram, com os democratas tentando impedir republicanos de bloquear os votos de índios em South Dakota, ou intimidar eleitores em Ohio. Na Pensylvannia, as malas republicanas também já estão querendo melar a votação num local onde supostamente a urna eletrônica estaria com defeito, computando votos antes de a eleição ter começado (Pensylvannia é um swing state que parece estar indo para Kerry). Com todo esse suspense, o clima hoje entre eleitores é quase como final de Copa do Mundo no Brasil. O jogo vai ser duro, ninguém sabe quem vai ganhar, e os juízes podem prejudicar o nosso lado. Nossos amigos vão se reunir hoje à noite na casa do Tom, para assistir juntos ao noticiário e, ou comemorar a vitória de Kerry, ou afogar as mágoas no caso de uma vitória de Bush.